A Quarta Revolução Industrial e a grande reinicialização da manufatura

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Desde sua criação, em 2018, a rede de fabricantes avançados Global Lighthouse Network (GLN) vem mostrando como as empresas líderes podem trabalhar para desenvolver plenamente o potencial das inovações e avanços que estão no centro da Quarta Revolução Industrial (4IR, na sigla em inglês). Partindo de um seleto grupo de organizações de ponta, vimos como as fábricas faróis podem ajudar organizações inteiras a conduzir suas jornadas de modernização, inspirando e catalisando mudanças entre organizações parceiras ao longo do caminho.

É por isso que a GLN abrange agora 54 locais, com dez locais acrescentados no terceiro trimestre de 2020 (Quadro 1). Esse crescimento reflete a adoção acelerada de tecnologias centrais da 4IR e sua incorporação às operações diárias de manufatura e supply chain, à medida que as organizações reagem à nova urgência de se manterem competitivas – mesmo quando outras ficaram para trás, presas ainda no purgatório dos programas-piloto.

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A GLN inclui empresas que fizeram avanços notáveis da 4IR entre as quatro paredes das suas fábricas ou que implementaram a digitalização de ponta a ponta em toda a cadeia de valor. De fato, em ambos os casos, a tecnologia da 4IR vem impulsionando a reformulação da manufatura e do supply chain em todos os setores e indústrias.

Ademais, um aspecto essencial do sucesso dos faróis reside no foco especial para desenvolver a força de trabalho e as capacidades por diversos meios. De fato, essas organizações têm priorizado seu pessoal ao transformarem a natureza do trabalho através de esforços intencionais de capacitação e/ou recapacitação, empoderando os trabalhadores para desenvolverem seu potencial através de novas formas de trabalho.

Eventos mundiais recentes, com destaque para a pandemia de COVID-19, levaram a disrupções significativas em escala inédita nos últimos tempos, afetando quase todos os aspectos da indústria global e exigindo uma “grande reinicialização” em todos os setores da economia global: um conjunto decisivo de ações voltadas a gerar valor não apenas para as próprias empresas, mas também para a sociedade como um todo. Embora os choques no supply chain tenham revelado vulnerabilidades operacionais, eles também apresentaram oportunidades transformadoras para os líderes em manufatura e supply chain. Os avanços na tecnologia e as novas formas de trabalho implementadas por essas organizações pioneiras lhes permitiram adaptar-se rapidamente durante as disrupções e permanecerem viáveis e operacionais.

Mesmo antes das grandes disrupções provocadas pela pandemia, a distância entre os líderes da 4IR e a maioria vinha crescendo rapidamente. Agora, quatro mudanças duradouras na manufatura e no supply chain vêm se mostrando particularmente essenciais:

  • O aumento da agilidade e da centralidade do cliente na manufatura e no supply chain de ponta a ponta facilita o reconhecimento mais rápido das preferências do cliente. Isso, por sua vez, possibilita ajustes mais rápidos nos fluxos da manufatura em fábricas modulares de pequena escala e de última geração para permitir níveis mais elevados de customização.
  • A resiliência do supply chain proporciona uma vantagem competitiva, exigindo regionalização e ecossistemas de suprimentos multicamadas, conectados e reconfiguráveis.
  • Velocidade e produtividade são alcançadas por meio de níveis mais altos de automação e aumento da força de trabalho, juntamente com iniciativas de capacitação e recapacitação.
  • Cada vez mais, a eficiência ecológica é considerada uma necessidade para se manter no mercado e garantir a conformidade com um panorama regulatório de complexidade crescente.

O nível de agilidade e resiliência que essas mudanças exigem está no cerne da verdadeira inovação da 4IR, com ativos valiosos que servem como alavancas cruciais durante adversidades inesperadas. Os benchmarks e conquistas anunciados em descobertas anteriores sobre essas empresas líderes continuam impressionantes por si sós. No entanto, a turbulência dos eventos recentes nos proporciona uma compreensão ainda mais refinada das próprias qualidades que as respaldam e que vêm aumentando ainda mais o impacto que os faróis têm causado, seja dentro de uma única fábrica ou de ponta a ponta, na organização como um todo (Quadro 2).

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Portanto, é neste contexto de desafio sem precedentes que os faróis atuam como modelos de transformação e feixes de luz que podem nos guiar pela tempestade em direção a um futuro de mais força e resiliência. Essas organizações estão sendo pioneiras e demonstrando como reformular e reequilibrar as operações para o novo normal. Elas estão nos mostrando como as empresas podem gerar valor não apenas para seus acionistas, mas também para um conjunto mais amplo de stakeholders, como trabalhadores, consumidores e o meio ambiente – efetivamente, para a sociedade como um todo.


Talvez o mais importante seja o fato de que os desafios de hoje deixam claro que os faróis não estão no fim de sua jornada de transformação – estão apenas começando a alavancar o verdadeiro potencial das tecnologias da 4IR. À medida que a rede de faróis cresce, sua luz brilhará mais forte, ajudando organizações em número ainda maior a estarem mais preparadas para enfrentar as inevitáveis tempestades futuras, independentemente de quando e onde ocorram.

O presente artigo foi adaptado de Global Lighthouse Network: Four Durable Shifts for a Great Reset in Manufacturing, parte da plataforma Shaping the Future of Advanced Manufacturing e Production do Fórum Econômico Mundial, e foi elaborado em colaboração com a McKinsey & Company. O informe técnico foi lançado originalmente no site do Fórum Econômico Mundial e o excerto foi publicado aqui mediante permissão.

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